Saiba o que é o autismo e a importância do diagnóstico precoce para o tratamento
Nominuto.com inicia série de reportagens para falar sobre o Transtorno do Espectro Autista.

O portal Nominuto.com
inicia nesta terça-feira (8), uma série de reportagens sobre o Transtorno do
Espectro Autista (TEA). Nesta primeira matéria, entrevistamos a neuropsicóloga
e integrante da equipe multiprofissional do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (CEPS),
referência no tratamento do TEA no Rio Grande do Norte, Samantha Maranhão.
O TEA engloba diferentes comportamentos marcados por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem se manifestar em conjunto. De acordo com a neuropsicológica, a criança TEA pode apresentar dificuldades na aquisição e desenvolvimento da linguagem verbal, na interação social e padrões de comportamento estereotipado e repetitivo.
O autismo recebe o nome “Transtorno de Espectro
Autista” porque envolve situações e apresentações diferentes em cada caso.
“Temos três níveis de autismo: grave, médio e leve. Quanto maior a capacidade
da criança ter autonomia, com menores dificuldades de interação, socialização e
menos comportamentos repetitivos, menor é o grau do transtorno. Lembrando que o
nível de autismo não é estático, ele pode migrar do grave para o leve e
vice-versa, daí a importância do tratamento multiprofissional e da
intervenção”, destaca.
As causas que levam ao desenvolvimento do transtorno autista ainda são desconhecidas e também não há uma ‘cura’ definitiva. No entanto, segundo Samantha Maranhão, o diagnóstico precoce é fundamental para a evolução do quadro clínico das pessoas que possuem o TEA. “A gente sempre recomenda e inclusive é também uma recomendação do Ministério da Saúde, que o diagnóstico seja precoce. Se há um sinal de alerta, é preciso procurar tratamento o mais breve possível, antes dos 5 anos de idade, de preferência”, afirma.
Como funciona o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi e por qual motivo as pessoas procuram a instituição?
Somos um centro especializado em reabilitação de saúde que atende demandas de reabilitação física, intelectual e auditiva. A clínica do autismo está inserida dentro da reabilitação intelectual. De acordo com o Ministério da Saúde, há portarias que falam que a reabilitação intelectual inclui o autismo. Criamos em 2016 o Semea (Serviço Multidisciplinar de Atenção ao Transtorno do Espectro Autista) e acabamos nos tornando referência no Estado. Desenvolvemos um trabalho de atendimento multiprofissional, que envolve profissionais da medicina, psicologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, com atendimentos realizados em conjunto pela equipe de profissionais.
Como
acontece o atendimento e de que forma o tratamento pode transformar a vida do
paciente?
O diagnostico do autismo é clinico, não temos nenhum exame neurológico e fisiológico que ajude a fechar o diagnostico. O diagnostico é dado com a observação do comportamento pela equipe integrada por vários profissionais. E isso dá um grande respaldo. O plano de intervenção também é feito em equipe e segue o que a gente chama de projeto ‘terapêutico singular’.
Realizamos uma avaliação clinica enquanto equipe para identificar as principais fragilidades e potencialidades da criança naquele momento, mas é uma avaliação que tenta agregar a criança dentro de uma comunidade, dentro de uma família. Tentamos ouvir também o que seria prioridade para aquela família, porque às vezes o que é visto como prioridade por eles, não é o que é considerado prioridade pela equipe, por exemplo. Então, nós tentamos alinha a prioridade detectada por nós e aquela dita pela família. Com a intervenção, que no CEPS dura cerca de dois anos, a criança pode ter grandes progressos e migrar, por exemplo, de um autismo grave para o leve, onde o paciente tem menor dificuldade de interação e socialização.
Como acontece o progresso no tratamento?
A gente mede caso a caso, mas o que a gente observa aqui são que as crianças chegam com grande dificuldade de socialização e de se alimentar, por exemplo. Com avanço da intervenção/tratamento a gente observa a evolução, com a redução de dificuldades de interação social, linguagem verbal e nos padrões de comportamento.
Como identificar o transtorno autista?
Geralmente as crianças que possuem o Transtorno de Espectro Autista têm dificuldade em manter contato visual com outras pessoas, de interagir, sorrir, não olha nos olhos e tem o relacionamento interpessoal afetado. Na maioria dos casos, quem identifica o transtorno são os educadores – que acabam entrando em contato com os pais da criança para que eles procurem atendimento para o diagnóstico.
Quais pacientes com TEA podem ser atendidos no Centro de Saúde Anita Garibaldi?
Aqui Centro de Anita Garibaldi no momento nós atendemos apenas crianças, de 0 a 12 anos de idade.
Quantas crianças são atendidas por mês?
Nós atendemos cerca de 150 crianças por mês para avaliação e estamos realizando a intervenção em cerca de 50 crianças. A intervenção realizada no Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi dura 2 anos. São encontros semanais, dependendo do caso uma ou duas vezes por semana, com sessões de 40 a 50 minutos. A partir daí a gente vai acompanhando pontos de evolução para no fim do período poder conceder uma alta assistida, vendo quais progressos foram realizados e o que ainda pode evoluir no tratamento.
Serviço:
Centro de Saúde Anita Garibaldi (CEPS)
Agendamentos de consultas e exames: +55 (84) 3271-3612 | (84) 3271-1064
Localização: Rodovia
RN 160, Km 1,5, nº 2010 (próximo à UPA)
Distrito de Jundiaí
Macaíba – RN
59280 – 970