Inflamação unida a deficiência proteica explicaria casos graves de covid-19
Estudo francês publicado na revista ‘Science’ chegou à conclusão após analisar as células imunológicas de pacientes.
Os casos mais graves de covid-19 apresentam uma assinatura única, segundo estudo de cientistas franceses publicado na revista Science.
Trata-se da combinação de uma inflamação exacerbada com uma deficiência
proteica específica na resposta imunológica. Para os pesquisadores,
essa marca registrada abre um caminho promissor para tratamentos
eficazes.
A covid-19 se caracteriza por distintos padrões de
progressão da doença, dependendo do paciente. Isso implica diferentes
respostas imunológicas à invasão do organismo pelo novo coronavírus. Até
agora, estudos sugerem que entre 5% e 10% dos doentes desenvolvem a
forma mais agressiva. No entanto, pouco se sabe sobre as respostas
imunológicas envolvidas nos casos mais graves.
Para tentar preencher esta lacuna, um grupo de pesquisadores franceses coordenados por Jerome Hadjadj,
da Universidade de Paris, analisou as células do sistema imunológico
dos pacientes que apresentavam as formas medianas e mais graves da
doença.
Nos casos mais graves, os cientistas constataram uma
assinatura dupla bem distinta, envolvendo uma inflamação muito
exacerbada e a deficiência na resposta imunológica do interferon do tipo
1 – uma proteína que ajuda a combater as infecções virais.
O
trabalho sugere que uma produção maior de interferon poderia ser
benéfica no combate à doença. E reforça a ideia de que a localização, o
tempo e a exposição a essas proteínas específicas podem ser parâmetros
importantes a serem observados no tratamento da infecção pelo
Sars-CoV-2.
Tratamento
Segundo os cientistas, a partir
dessa constatação, os casos mais graves de covid-19 poderiam ser
tratados com uma abordagem terapêutica combinada de administração de
interferon e terapias antiinflamatórias. Para os autores do estudo,
novos trabalhos deveriam ser feitos nesse sentido.