Exame pericial comprova que homem preso hoje não é o motorista da Tragédia do Baldo
Morador de rua foi detido por policiais do Bope na tarde de hoje, em uma casa no bairro Neópolis.

O Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) informou na noite desta terça-feira (26) que o homem preso na tarde de hoje, em Natal, sob a suspeita de ser o motorista responsável pelo acidente que matou 19 pessoas e feriu outras 12 durante um carnaval de rua, em Natal, no ano de 1984, não se trata de Aluízio Farias Batista.
Após a comparação das digitais do suspeito preso hoje com as que estão no processo de acusação contra o motorista, foi verificado que não se trata da mesma pessoa. O morador de rua foi preso na tarde de hoje por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em uma casa no bairro Neópolis, zona sul da capital potiguar. Com a identificação negativa, o homem foi liberado pela Polícia Civil.
O caso do acidente ficou conhecido como a "Tragédia do Baldo". Aluízio Farias Batista segue foragido desde a época do crime. Ele foi condenado a 21 anos de reclusão por 19 homicídios em julgamento onde não esteve presente, no ano de 2009.
O caso
No dia 25 de fevereiro de 1984, dezenas de pessoas pulavam o carnaval, no bloco Puxa-Saco, pelas ruas da Cidade Alta, quando um ônibus, desgovernado, atingiu a multidão, atropelando e matando 19 pessoas e deixando outras 12 feridas.
Em depoimento à época da tragédia, o motorista Aluízio Farias Batista disse que após uma exaustiva jornada de trabalho, em uma linha da empresa Guanabara, que ligava o bairro do Alecrim às Rocas, ele pegou vários membros de uma escola de samba, a Malandros do Samba, que havia desfilado na av. Presidente Bandeira. Estes, dentro do ônibus, começaram a provocar o motorista, exigindo que eles chegassem logo. Irritado, o motorista passou a acelerar o veículo, sem respeitar os semáforos.
Quando o ônibus alcançou o trecho sob o Viaduto do Baldo, pretendendo subir a avenida Rio Branco, ao fazer uma curva, o veículo bateu com a parte traseira em um fusca que estava estacionado. A colisão mudou a trajetória do veículo, fazendo-o atravessar o canteiro e alcançar o outro lado da avenida, que estava fechada para as folias carnavalescas. O ônibus então se chocou com os foliões do bloco, ou seja, por volta de 5 mil pessoas que brincavam no bloco de rua.
Tentando fugir, o motorista deu ré e atropelou outras pessoas, até ser parado por um dos foliões.
Em depoimento, Dickson Medeiros, que era presidente do bloco aquela época conta que a avenida se tornara um mar de sangue. O Itep, em laudo, não encontrou nenhum problema mecânico no ônibus, porém, no histórico do motorista já havia registros de direção perigosa e de um atropelamento que vitimara uma mulher quatro anos antes.