'Meu papel no governo é de apaziguar relações', diz Fábio Faria
Ministro das Comunicações nega a existência de uma queda de braço com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

No momento em que o Palácio do Planalto tenta organizar sua articulação
política no Congresso, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse
ter assumido o papel de apaziguador de conflitos na relação com o
Legislativo, mesmo se for preciso "lavar roupa suja". Em entrevista ao
programa Poder em Foco, do SBT, que será veiculada domingo à noite, 26,
Faria negou a existência de uma queda de braço entre ele e o ministro da
Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a quem cabe comandar as
articulações políticas com o Congresso, e disse não entrar na seara do
general.
"Ele (Ramos) tem conversado comigo diariamente. Querem fazer até minha
intriga com ele, mas não vão conseguir, porque todo dia eu falo com ele
às sete horas da manhã. E a gente já desmonta isso", afirmou o ministro,
na entrevista que vai ao ar amanhã.
Como mostrou o Estadão, o governo pretende reorganizar sua
articulação no Congresso após a derrota na votação da proposta de emenda
à Constituição que transformou o Fundo de Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb) em programa permanente. O revés sofrido na Câmara foi
debitado na conta do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Pontes
Com bom trânsito no Congresso, Faria promoveu recentemente um encontro
entre Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) - havia um
estresse na relação entre os dois.
Escolhido para o ministério após quatro mandatos de deputado federal,
Faria negou que esteja exercendo o papel que cabe a Ramos, de negociar a
votação de projetos e emendas parlamentares, mas admitiu já ter entrado
em campo para desfazer problemas, como os ocorridos entre Guedes e
Maia.
Foi aí que ele classificou o seu trabalho como o de "lavar roupa suja".
"Eu não entro na articulação política. Por quê? A articulação política é
o seguinte: vamos votar aqui o projeto tal. Aí negocia emenda,
destaque, vê quem vai ser o relator.
Isso é um trabalho da articulação política. O meu trabalho é quando eu
vejo: ‘Fernando está chateado com Fábio’. Eu sou amigo do Fernando e vou
promover ali um encontro dos dois para fazerem uma DR (sigla usada para
se referir a "discutir a relação"), lavar roupa suja e pronto",
argumentou. E concluiu: "Esse é o meu papel. Um papel de apaziguar
relação. Não entro na seara exclusiva de articulação política. Isso aí é
outra forçação (sic) de intriga. Mas não cairemos nisso".