Justiça nega habeas corpus a condenado pela morte de Dorothy Stang
Dorothy Stang foi morta a tiros no município de Anapu, no sudoeste paraense, em 12 de fevereiro de 2005.
A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Pará negou hoje (16), por unanimidade, o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido com Bida, condenado a 30 anos de prisão como um dos mandantes do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, ocorrido em 2005.
Bida, que já teve três julgamentos - em dois foi condenado e em um,
absolvido - vai a novo júri popular na quinta-feira (19). Ele cumpre
pena em regime semiaberto desde a anulação do terceiro julgamento, em
maio deste ano, pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Condenado a 30 anos no primeiro julgamento, em 2007, ele teve
direito a novo júri em 2008, onde foi absolvido. O segundo julgamento,
no entanto, foi anulado por fraude processual. No novo julgamento, que
durou mais de 50 dias, Bida voltou a ser condenado, mas a defesa
conseguiu a anulação alegando cerceamento de defesa. Os efeitos da
primeira condenação perduram até que o novo julgamento confirme ou
reforme a sentença.
Na ocasião, Bida rejeitou seus advogados e foi a júri com um
defensor público, que admitiu posteriormente não ter tido acesso a todo o
processo, o que foi usado pela defesa do fazendeiro para pedir a
anulação do julgamento.
Para o promotor do caso Dorothy Stang, Edson Cardoso de Souza, o pedido de habeas corpus
às vésperas do julgamento, sendo que Vitalmiro Bastos de Moura não está
preso em regime fechado, foi uma manobra para tentar influenciar o
júri.
Dorothy Stang foi morta a tiros no município de Anapu, no sudoeste
paraense, em 12 de fevereiro de 2005. De acordo com o Ministério
Público, a missionária americana foi assassinada porque defendia a
implantação de assentamentos para trabalhadores rurais em terras
públicas que eram disputadas por fazendeiros e madeireiros da região.