Maus-tratos em série aumentam risco de suicídio de mulheres
Quatro entre dez óbitos de mulheres que já tinham registro no SUS por violência apresentavam histórico de lesões autoprovocadas.
A violência de repetição em mulheres eleva o risco não só do
feminicídio, mas também do suicídio, revela estudo do Ministério da
Saúde. Quatro entre dez óbitos de mulheres que já tinham registro de
atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) por violência apresentavam
histórico de lesões autoprovocadas.
Entre adultas, a lesão autoprovocada foi identificada em 47,9% dos
casos; entre idosas, em 49,9%. Segundo a coordenadora do estudo, Maria
de Fátima Marinho Souza, a violência crônica é um fator de risco para
lesões provocadas pela própria vítima que, por sua vez, são fator de
risco para suicídio. "Outro sinal da importância do diagnóstico precoce,
da rede atuante e eficaz para identificar vítimas e ajudá-las a superar
o ciclo da violência."
Entre as vítimas jovens (20 a 29 anos), a maioria (61,5%) tinha baixa
escolaridade. Entre as adultas, eram 66,25% e entre idosas (mais de 60
anos), 83,7%. Mais de um terço dos municípios de residências das
mulheres, em todos os ciclos de vida, era de até 50 mil habitantes.
Atenção
"É preciso também que se dê a devida importância para os relatos, que
investigações sejam levada adiante e que a violência ou o ciúme não seja
considerado apenas uma coisa de casal", diz o promotor do Distrito
Federal Fausto Lima.
Para tentar melhorar a identificação de casos, no Distrito Federal todas
as suspeitas de homicídio contra mulheres - de qualquer idade - são
registradas como feminicídio. Há também um questionário padrão, com
perguntas simples para serem preenchidas por mulheres que chegam à
delegacia. "O questionário é importante para depois instruir as
investigações", diz Lima.